Com a chegada da temporada de final de ano, o número de banhistas que procuram se divertir em locais como lagoas, rios, cachoeiras, e represas, tem um aumento considerável em relação a outros períodos do ano.
Para que sua diversão não seja interrompida antes da hora, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) traz algumas ações para que você possa se divertir com segurança com sua família e amigos.
Minas Gerais está entre os estados afetados pelas fortes temperaturas provenientes de uma onda de calor que já está atuando em boa parte do país. Os alertas emitidos pelo Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge) indicam que os termômetros poderão chegar a 39O C em algumas regiões do estado.
Atento a esse contexto, o Governo de Minas, por meio do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), preparou uma série de ações para a prevenção de acidentes relacionado a afogamentos.
P: Os números de afogamentos no Estado são preocupantes?
R: Os anos de 2022 e 2023 já somam quase 500 mortes por afogamento atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar em Minas. As causas são as mais variadas, mas na maioria das vezes estão associadas a imprudência e ao consumo excessivo de álcool.
P: Qual o perfil dessas pessoas que se afogam?
Para compreender melhor os fatores de risco que levam ao afogamento, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) realizou uma pesquisa qualitativa em seus registros de atendimento que demonstram que o perfil dos óbitos por afogamento em Minas Gerais é de homens, com idade média de 25 anos. Com base na análise qualitativa nos relatórios de atendimento das ocorrências, é possível afirmar que a bebida alcoólica funciona como um dos principais fatores contributivos de afogamentos. Funcionando como um estimulante, o uso indiscriminado do álcool faz com que seus usuários adotem ações mais ousadas e de exposição ao risco para impressionar seus grupos nas cachoeiras, lagos ou piscinas. Além disso, a não utilização de equipamentos de segurança como coletes e boias é detectada em praticamente todos os afogamentos com resultado morte, o que demonstra a importância do uso desses materiais. Pode ser citado, por fim, o aspecto psicológico em relação às águas mineiras. Pela inexistência de mar em nosso estado, há muitas vezes uma equivocada ideia pelo banhista que águas menos movimentadas tais como lagoas, cachoeiras e assemelhados oferecem menos riscos do que o mar. Essa impressão, completamente equivocada, acaba gerando um comportamento excessivamente confiante que resulta na situação de risco associada ao afogamento. Para reduzir os números tão significativos é imprescindível reforçar as ações de prevenção e conscientização dos cuidados a serem tomados nos momentos de lazer e derrubar certos padrões que induzem ao risco.
P: Crianças também são afetadas por afogamentos?
Nesta época do ano, com as altas temperaturas, o fim do ano letivo escolar a preocupação se torna ainda maior já que as crianças estarão em casa e os pais sempre procuram alternativas para a diversão dos pequenos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento aquático (Sobrasa), quatro crianças morrem afogadas diariamente no Brasil. Durante todo o ano de 2023, o CBMMG atendeu pelo menos 6 casos de crianças, de zero a 11 anos, que perderam suas vidas por afogamento. Ainda de acordo com a Sobrasa, quase 60% das mortes na faixa de 1 a 9 anos ocorrem em piscinas e residências, e que a cada três dias uma criança morre afogada em casa.
P: Quais medidas têm sido adotadas pelo CBMMG para reduzir o risco de afogamento?
R: Com base nesse perfil de afogamento, a corporação monta o planejamento do atendimento respeitando as particularidades de cada região do estado. Trabalhando ainda ações de prevenção contínuas como os projetos Prodinata, Golfinho e Primeiros Socorros, todos voltados para treinar as comunidades. O setor técnico da corporação calcula a taxa de mortes por afogamento de cada município e de cada área de atuação das unidades operacionais. De posse desses dados, a unidade consegue atuar preventivamente iniciando o atendimento pelo local mais crítico. Ao localizar o município com maior taxa de afogamento a unidade operacional consegue entender o perfil das vítimas daquela localidade realizando atuações preventivas conforme o maior público vitimado. Os gráficos abaixo apresentam o perfil das vítimas do estado como um todo, sendo 28.25% turistas:
Além disso, nossos militares estão constantemente passando por treinamentos que os capacitam para atender melhor ocorrências de Salvamento Aquático e Mergulho Autônomo. Em sumo, a estratégia da Corporação é trabalhar com campanhas de prevenção, intensificando as ações em locais mais onde há mais incidentes e capacitar as equipes para atender as ocorrências da maneira mais efetiva e segura.
P: Quais são as dicas para evitar afogamentos?
Com a chegada da onda de calor, as pessoas buscam balneários e piscinas para se refrescarem, e com isso, aumentam os números de afogamentos no estado. Então, fique atento as nossas dicas de prevenção:
- Use colete salva-vidas. As boias transmitem falsa sensação de segurança, já que elas podem virar e a criança se afogar. Pessoas utilizando boias tendem a se distanciar da margem. É importante que as crianças permaneçam utilizando colete salva-vidas.
- Atenção 100% nas crianças. Mantenha a distância máxima de um braço da criança. Celulares, livros e conversações são elementos de distração, os evite enquanto estiver com crianças em ambientes aquáticos. A total supervisão dos pais é a melhor forma de prevenir afogamentos.
- Se beber, não nade. Há casos de pessoas alcoolizadas, vítimas de afogamento fatal, em locais com meio metro de profundidade. Isso acontece, porque pessoas alcoolizadas ficam com menos precisão, diminuem a noção dos riscos, têm prejuízos quanto à coordenação motora, força, respiração e circulação. Esses fatores aumentam significativamente as chances de exaustão e/ou mal súbito, que em meio aquático, podem levar ao afogamento fatal. O recomendável é que ao adentrar na água, a pessoa que estiver alcoolizada esteja acompanhada por um responsável que não tenha ingerido bebida alcoólica.
- Se comer, não nade. Se a pessoa acabou de consumir alimentos, principalmente de difícil digestão, e foi fazer exercício físico, o sistema digestório e o trabalho muscular estarão competindo pelo maior fornecimento de sangue. Como resultado, algumas pessoas podem ter desconforto gástrico, refluxo e até mesmo vomitar. Além disso, podem ocorrer câimbras. Dependendo da intensidade e, se o indivíduo estiver na água, pode haver mal súbito, submersão e afogamento. Segundo os bombeiros, são comuns afogamentos após alimentação.
- Cuidado com as embarcações. A recomendação é sempre utilizar o colete salva-vidas e verificar se a embarcação está respeitando o limite máximo de passageiros. Parte dos óbitos por afogamento acontece com usuários em embarcações e em atividades de pesca.
- Se você avistar alguém se afogando, não se lance na água para tentar salvar a pessoa, forneça objetos flutuantes como boias e caixas térmicas, ou tente estender uma galhada ou corda para a vítima. As pessoas sem treinamento não conseguem resgatar a nado um afogado e, geralmente, se afogam nessa tentativa.
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